Tuesday, December 26, 2006

Perto de Deus II

Subo as escadas, degrau por degrau com pressa. São verdes como as daqui do prédio. Chego no topo próximo ao terraço onde há uma espécie de ante-sala, um limbo. Deus me aparece na forma de um adolescente mulato magrelo que como algo, não estou bem certo e de certa forma sarcástico. Eu pergunto a ele se ali era o paraíso e ele me confirma, dizendo algo a respeito do dia do juízo. Ele me mostra o paraíso por detrás da porta do terraço onde pessoas comem de forma voraz e excessiva um monte de comida, creio que a maioria é bolo cremoso. Pergunto sobre mim mesmo e ele diz “a tendência é só descer” e me aponta para baixo e para o grande vão que se forma pelas escadas. Ele me diz que o inferno é lá embaixo onde as pessoas passam fome e lutam para pegar os restos de comida que caem (ou são atiradas) do paraíso pelos glutões e que para isso eles brigam para obter o alimento que cai. Ameaço a descer as escadas e tento perguntar para ele, já na forma de Jesus Cristo, algo sobre pecado mas ele diz que é incapaz de responder. Sinto como se tivesse ressuscitado, livre para fazer as minhas escolhas.

Wednesday, October 04, 2006

This must be the place I waited years to leave


O taxista careca aqui em casa conversa com meu pai. Peço a ela a minha irmã a máquina digital e juntos vamos para o Parque Lage. É um dia de primavera e o sol está radiante na copa das árvores fechadas. A mata é exuberante e em um determinado ponto, antes de chegar ao casarão do parque há uma clareira onde o sol bate com mais luminosidade. Tiro algumas fotos e Raquel comenta alguns lugares com detalhes. Luis me lega ao telefone e digo a ele onde estou. Pergunto a ele se ele já esteve lá e ele me diz "não". Penso na próxima viagem dele e em levá-lo para conhecer o parque. Falo com ele e aponto, como se ele estivesse ao meu lado os locais que eu já conhecia do parque no tempo em que estudava no CPII. Passeio pela clareira e ao olhar para o céu escuto a voz do meu pai conversando com o taxista falando dos bens que o sol traz para o corpo desde que protegido pela mata. Como se a mata fosse uma proteção para os raios solares, enquanto a observo subindo por pequenas colinas no parque. Tiro algumas fotos, mostro para Raquel. Acho que estão muito parecidas com as que ela já havia tirado em outra visita ao parque e depois envio as fotos pro Luis.

Tuesday, July 11, 2006

Bia falcão é o poder


Há uma confusão na hora de sair de casa. Minha mãe está fora e meu pai está prestes a sair comigo e com a Raquel, sempre enrolada como de costume. E eu louco procurando o meu caderno para por na mochila e cato o meu Atlas do Corpo Humano como forma de ilustrar a apresentação sobre digestão que farei no colégio. Luis e o Bispo esperam por mim no colégio e fazem parte do meu grupo. Meu pai disse que mais tarde fará um macarrão. Acho a receita repetitiva mas me agrada a idéia.

Não carrego nenhuma anotação comigo, só abro o livro na página onde há o esquema da epiderme/derme como forma de ilustrar o trabalho. Passar o livro para os demais colegas durante a apresentação.

No esquema da derme uma área dela é descrita assim: “aqui não passam mais formigas, devido aos hábitos de higiene atuais. Todavia o que pode existir são resíduos fecais e micróbios presentes nas unhas que passam por aqui”. Dou uma risada com aquilo e meu pai chama a minha atenção sobre como é importante manter os hábitos higiênicos.

Raquel sai na minha frente cansada de me esperar. Eu ainda enrolado coloco o caderno e o livro na pasta cinza (igual a que eu usava no terceiro ano) e saio de casa vestido com o uniforme do Pedro II com o escudo das três estrelas que indicam eu ser aluno do terceiro ano do ensino médio.

No caminho para sair de casa deparo com um morador antipático do prédio falando alto no celular. Estou decidido a fazer carão e ele faz a mesma coisa. Sigo pelo corredor e ele vem atrás ainda falando alto no celular.

Meu pai me entrega um guarda-chuva grande de cabo marrom e fala que vai chover. Eu estranho pois o dia não me parecia chuvoso, mesmo assim sigo o conselho dele pois ele sabe quando o tempo vai virar e parece que isso vai acontecer no fim do dia.

O tempo está garoando, mas ao passar por baixo da copa das árvores na praça a chuva é mais intensa. Longe eu vejo Raquel pegar o 409 apressada desviando-se da água que os ônibus jogam pelo fato da pista estar alagada. Até tento correr para alcançá-la, mas não consigo. Logo atrás vem um ônibus que eu tento identificar com dificuldade seu número para ver se me serve, pois já são 10 para 8 da manhã. O ônibus é o 183 (Estrada de Ferro – Laranjeiras que não existe) e vejo que ele não me serve. E estranho porque nunca tinha visto ônibus daquele número ali, mas acredito que era uma linha especial que circula durante as manhãs.

Na pista do outro lado um ônibus vem na contramão e um cara de jaleco branco e de óculos grita “CP2! CP2!”. Eu tento alcançá-lo também, mas me parece impossível. Até que alguém no ponto de ônibus assobia e ele recua, parando no sinal já na pista do mesmo lado do ponto. Percebo que são dois alunos do colégio e eu me aproximo cautelosamente para saber se aquele ônibus de fato é o ônibus do colégio. Ao ver o motorista vejo que é o César Maluco, com o uniforme do colégio. Percebo que assim posso pegar o ônibus, mesmo sem graça de ver o césar pois há muito tempo eu não o vejo, ou quando o vejo de vista na rua o evito. E ele me diz, pegando no meu braço: “Há quanto tempo Odilon, você está bonito!”

Dentro do ônibus não há lugares para sentar e me sinto um tanto nervoso por não dar tempo de eu ler o resumo do trabalho. No banco da frente há dois meninos mal vestidos que eu julgo ser pivetes. Embora uma placa na frente do ônibus e uma outra na frente da fábrica indicam que há um bom número de dias não há assaltos por pivetes reincidentes (ou coisa do tipo) ali. Um dos moleques passa a mão por fora da camisa, onde parece esconder uma arma. Penso em descer no mesmo ponto que eles na entrada de Taboão, pois também julgava que o colégio fosse ali. De repente me dou conta de que não sei onde é o colégio. Um passageiro desce e outro fica em pé, como que para descer no próximo ponto. Depois vejo que os meninos estão acompanhados da mãe, parecida com Tia Lucinha e em seguida um dos garotos desce com ela no outro ponto. Só que o garoto em questão já é um adulto agora.

Descubro um lugar vago no ônibus para sentar e pego os meus papéis com as anotações sobre o endereço do colégio. Lá está o endereço certo e me lembro de que o Luis me fala para descer no mesmo ponto da casa dele. O trânsito está um pouco engarrafado mas por alguns instantes. Olho o relógio e vejo que já passa das oito e imagino os meus colegas de grupo preocupados.

Desço no ponto indicado, que é igual ao ponto em que eu descia em Bangu, e sigo andando para descobrir onde é o Wandic (nome do colégio que o Luis estudou). Ainda na rua há um comitê de recepção. Sento em uma carteira e um japonês maluco começa a falar das dificuldades que teremos aquele ano com exercícios difícieis. Fala contas absurdas com números decimais e depois vem com uma charada como:

“Quantas vezes o número 2 aparece entre 1 e 100?”

Sem deixar tempo para responder ele mesmo dá a resposta que é surpreendente apesar de simples, mostrando todos os números entre 1 e 100 em que aparecem ou o 1 ou o 2 ou os dois ao mesmo tempo. Depois o japonês coloca uma forma maluca no quadro com potências como forma de resolver aquele problema, com expoentes negativos e o número imaginário “i” mas completamente fora de contexto. Depois ele autoriza a entrada dos alunos.

Estou sentado na primeira fila e a menina da outra fila levanta e vamos todos em direção à sala de aula. Um aluno passa correndo na minha frente (ele parecia ser o Gianechinni) e logo percebo que há duas salas, uma para meninos e outra para meninas e eu estava quase indo para a das meninas. Fico com vergonha de alguém reparar que estou indo para a sala errada mas isso não acontece.

Ao chegar na sala as carteiras são pequenas e eu sento. Parece que terá aula de inglês. Na sala há meninos e meninas. Tento ver qual a melhor disposição das carteiras, se é sentar em círculos ou em pequenos grupos conforme a orientação da professora. Decido chegar com minha carteira pra mais perto da mesa da professora, que é a cara da Sandra Brea, e digo-lhe que sou aluno novo, de outra cidade, ali e que por isso meu dever não está pronto.

Um rapaz loiro está sentado ao meu lado e atrás de mim uma menina alisa a minha cabeça e meu cabelo raspado a máquina 1. Gosto daquela sensação e acho que o fato da menina me fazer carinho mesmo sem me conhecer era uma diferença dos paulistas em relação aos cariocas.

A TV mostra uma novela e o rapaz loiro comenta algo relativo à beleza de um dos atores e eu concordo com ele. Trocamos rápidos sorrisos discretos como se disséssemos um para o outro que somos do mesmo time.

Do lado de fora da sala está sentada Bia Falcão. Me aproximo dela e digo-lhe uma série de ironias e ela tenta ser irônica da mesma forma. Depois eu falo para ela “A senhora não tem vergonha em ficar perseguindo meu pai, um senhor de 70 anos, nordestino. Justo a senhora que se acha tão chique fica discutindo, batendo boca com ele!”. Ela se faz de vítima dizendo que a briga com o meu pai era invenção dele e aquilo me deixa com mais raiva, pois sei que ela o tentou humilhar. Tiro os óculos dela e quebro, xingo-lhe palavrões e puxo-lhes os poucos cabelos. Eu tiro os óculos mas novos óculos aparecem na cara dela. Isso me irrita e no final eu digo a ela: “Enquanto eu estiver nesse colégio você não terá um minuto de paz, Bia Falcão, porque eu não vou te dar descanso e não temo as suas represálias”. Volto para a sala de aula e tento rebobinar a fita do sonho.Eu estou na carteira no mesmo momento em que a vejo, mas fico na minha só olhando-a com ódio. Depois avanço a fita para o mesmo ponto de antes como forma de não apagar a parte em que eu ameaçava.

* momentos antes de acordar percebo uma espécie de bifurcação no sonho no ponto em que aparece o ônibus. Eu chego no Pedro II e falo para Maria Helena que estou sem o RioCard. E como forma de ter um cartão eu vou pagando a passagem do ônibus que entro com um RioCard comum, não com o de estudantes, mas ninguém repara nisso e eu me sinto bem até que um dia o RioCard de estudantes realmente está em minhas mãos.

Monday, July 10, 2006

Perto de Deus


Chego no alto de um terraço coberto com colunas brancas, estilo grego. Alguém está comigo. Olho para baixo e tenho vontade de pular. Mas fico com medo. O meu "outro eu" diz que não há problema porque ali eu fluturarei. Já estou com o corpo no espaço voando e eu digo "mas comigo eu sempre caio, sempre acontece comigo nos meus sonhos". A paisagem é deslumbrante: um mar muito azul, montanhas grandes cobertas por verde tipicamente da Mata Atlântica. Ao sentir que vou cair meu outro eu me diz: "não há porquê ter medo: essas montanhas, o mar, tudo isso é você mesmo". Ao olhar para baixo vejo meu rosto em várias fotos 3x4 refletido no mar. Aquilo me acalma e sinto que estou subindo cada vez mais e olho em direção ao sol. Sinto que estou cada vez mais perto do paraíso e que se eu chegar lá é sinal de que terei morrido. Por isso, acordei!

Wednesday, May 24, 2006

Gatos e Gatos (que nadam)



O Bush na televisão mostra as suas novas armas contra o terror. Uma matilha infinita de pastores-alemães segurados por soldados. Eu vejo isso em uma Tv tela plana grande em um quarto branco, em cima de uma cama grande, confortável, de lençóis brancos bonitos e começo a esbravejar contra o Bush pois ele quer que os cachorros comam os gatos, verdadeiros terroristas. Acho um absurdo até o momento em que vejo um carneiro em cima da minha cama e um gato o devora. Fico revoltado com o gato e em seguida um cachorro devora o gato.

E começa uma confusão de gatos fugindo de cachorros e carneiros correndo. Um gato sai debaixo da cama, penso que é um rato. Mas ao olhá-lo escondido na cômoda do lado da cama vejo que é um gato vira-lata de olhos grandes. Faço o chiado para chamar gatos e noto que embaixo da cama há mais gatos, mas em cima da cômoda há um belo gato grande branco bem peludo e manso. Pego-o no colo e acaricio.

O quarto tem uma porta de vidro e do lado de fora há um jardim com um piscina. Em seguida chegam no quarto vários nadadores, competidores de uma equipe, todos altos, bonitos e, obviamente, chamam a minha atenção.Alguém está sentado do meu lado, em princípio é o Luis mas depois é um outro nadador, não sei ao certo. Sei que um dos nadadores está de sunga vermelha, pele queimada do sol, loiro, alto e esquio senta-se com uma banda da bunda na minha perna e a outra na perna do cara ao meu lado, pois o quarto estava cheio.

Depois o nadador está no meu colo completamente e começo a acaraciá-lo. Passo a mão pelo seu corpo, noto que há uma minúscula barriga e elogio o corpo dele e dos outros nadadores, falando o quanto a natação deixa os corpos deles bonitos. Ele agradece o elogio e deixa passar a mão nele, mesmo eu sabendo que ele é hetero. Mas ao notar a minha evidente excitação ele me diz que está com medo de mim pois tenho cara de quem vai (sexualmente) comê-lo. Eu dou uma risada e digo que ele não sairá do meu colo porque naquele momento a minha excitação é evidente e obviamente não quero levantar de pau duro.

Tuesday, April 04, 2006

The prisoner


Após uma sucessão de fatos estranhos, entendendo como estar um um lugar pequeno com jovens ao fundo do que parecia ser um bar eu decido ir para a Igreja de São João Batista em Botafogo. Sei que M estará lá, preciso falar algo com ele e, ao mesmo tempo é domingo e terei que ir de fato ao culto.

Chegando lá a igreja está cheia e parece estar na hora da comunhão. As pessoas ao invés de formarem uma única fila para tomar a hóstia, vão por fileiras das cadeiras até o padre que está ali próximo. Como estou em pé atrás do último banco e sou um dos poucos nesta posição, apesar de a igreja estar muito cheia, fico sem entender esse esquema.

A Igreja de São João Batista é grande e tem a mesma fachada que a sua versão real em Botafogo. No entanto tem escadarias maiores, com detalhes em mármore branco e no meio do adro que fica em frente a ela há uma espécie de escada em caracol também em mármore e ao lado um local que parece uma praça de alimentação. A igreja por dentro é ampla e em tons de branco e amarelo.

Consigo ver de longe M que acena para mim e peço para esperar. Reparo que há mais pessoas. Enquanto isso uma menina de cabelo grande cacheado e colorido nas pontas comenta algo comigo. Ela tem pinta de clubber. Isso foi após eu entrar na igreja de onde saíam dois caras "gordos-fortes" peludos sem camisa, dizendo que não poderiam ficar na igreja pois estavam com calor e que não era permitido ficar sem camisa lá dentro. Eu mesmo estou de bermuda colorida e tênis e me preocupo se não posso ficar na igreja desse jeito. Talvez a menina tenha me tranquilizado em relação a isso.

Depois eu vejo M saindo na companhia de H. e D e mais algumas pessoas, entre elas um rapaz sarará conhecido meu com o cabelo pintado de loiro grande. Ele está com uma blusa vermelha e suado e é o primeiro que eu cumprimento ao descermos as escadas que dão acesso a praça. Depois passo direto por H. com uma espécie de aceno e vou falar com M, que parece mais interessado em conversar com D. Isso me causa estranheza pois até então M não suporta D e tenho a impressão de que eles estão ficando.

* este sonho foi ao som de "Prisoner" dos Tears for Fears cuja letra é:

"Here behind the wall
I feel so small
Breathing but not perceiving
Here anger is me
Love sets me free
Feeling and not believing"

Monday, March 20, 2006

Sofá-Cama


Como eu poderia estar ao mesmo tempo na minha casa e na casa do meu avô? Pois era bem isso o que aconteceu no sonho do qual quero me lembrar agora e foi mais ou menos assim: eu na casa do meu avô, conversando com ele e com meus pais. Dona Lúcia como sempre está preparando um monte de comida mas eu estava louco para chegar em casa.

Eu em casa transo com um cara, sei que ele é estrangeiro mas não sei seu nome e ele vai embora.

Na casa do meu avô na panela há milho cozido e ele me diz que não precisa eu ir naquela hora pois o almoço já está quase pronto, e eu decido, portanto ficar. Ao mesmo tempo consigo ver pela janela da sala da casa dele uma luz e de fundo a minha própria casa.

Em casa minha mãe está na sala e eu em um sofá em um cômodo que não existe. O estrangeiro volta e eu já o reconheço. Ele é alto, forte, tronco largo. Veste uma camiseta por dentro da calça jeans realçando o seu corpão barbie. Ele tem a pele da mesma cor da minha, tem cavanhaque, cabelo grande liso, rosto largo e olhos negros. Lábios carnudos. Nos beijamos e ficamos nos roçando enquanto fico preocupado em não deixar a coisa ir mais longe por medo de minha mãe nos dar flagrante.

Enquanto o beijo eu pergunto-lhe: qual o seu nome? Mahammed Mahan. Não é Mohammed como Maomé? Não, é com "a" mesmo.

Depois ele me diz que veio da Guiana, seu pai é mulçumano e a mãe é indiana católica. E agora me dou conta de que estamos sobre o sofá cama vermelho que ficava aqui no corredor.

Tuesday, February 21, 2006

Um psicanalista nacionalista na biblioteca


Marcelo está junto comigo caminhando para algum lugar na Tijuca. Decidimos cortar caminho por um velho prédio, muito bonito e cheio de detalhes. É como se a construção fosse uma galeria onde há duas portas e uma de suas saídas dá para outra rua.

No caminho eu observo uma sigla em alto relevo dentro da construção e ao traduzi-la percebeo que é algo relacionado com registro de direitos autorais de música. Eu digo para o Marcelo: “olha onde estamos, tem tudo a ver com você”. Ele me diz “meeeeeedo” se referindo à burocracia que é para registrar uma música composta por ele. E eu ainda digo: pior do que isso só a Bibliex (Biblioteca do Exército) e ele repete o mesmo “meeeeedo”.

A saída parece estar fechada pois é tarde da noite. E viramos para uma sala à direita onde há uma biblioteca. O Marcelo sacaneia dizendo que ali só deve ter gente velha. E vejo um coroa alto de barba branca usando calça jeans orientando as pessoas a buscarem seus livros. Marcelo vai falar com ele enquanto procuro o bibliotecário que está em sua mesa específica.

Ao falar com o bibliotecário percebo que ele é o Joel Birman que parece dar uma orientação para alguma amiga minha a respeito de psicanálise. Eu fico atento prestando a atenção e passo os olhos nos livros da Biblioteca para inventar uma desculpa sobre que livro eu vou pegar. Depois fico agachado ao lado da cadeira onde está minha amiga e presto a atenção no que diz o professor.

“Eu agora vou contar uma piada, mas o Odilon já conhece ela da aula”.

Fico feliz em ele ter me reconhecido e ele conta a tal piada. Em seguida ele me diz: “Odilon você não deve ter achado graça pois você é um psicanalista nacionalista”. E eu sequer etendi o motivo dele ter dito isso.

Lá pelas tantas estou olhando os livros sobre masculinidade do Sócrates Nolasco e o Joel comenta algo sobre ele e que ele tinha falado a respeito de meus estudos para ele. Eu digo que gosto do Sócrates e ele dá uma risada irônica e me cumprimenta com ar de satisfação. Também digo a ele sobre os assuntos que pesquiso tal como masculinidades. Depois ele me pede para eu esperar do lado de fora enquanto ele termina a orientação.

O lado de fora são as escadas de acesso a minha casa. E a amiga também é colocada pra fora pois há um grupo de pessoas chegando em casa e na mesa há talheres e livros. A minha amiga volta lá e ele diz que o livro dela deve ser devolvido até às 10:30 da manhã do dia seguinte e que ela tem um dever pra fazer. Ao pegar a ficha dela a minha amiga não é mais amiga, mas um amigo e ao consultar o nome dele, ele diz Wolverine. E o Joel fala e mostra a ficha que fica atrás dos livros que ele foi a penúltima pessoa a pegar aquele livro.

Enquanto isso estou indo embora com alguns livros na mão e Joel me interrompe dizendo que há tarefa para mim. Ele mostra o mesmo livro que está folheando para uma garota e diz para eu pegar os conceitos que tem no livro e classificá-los. Perplexo eu pergunto: “classificar como?”. Ele responde apontando os tais critérios, algo como se aquele conceito é um conceito natural, se o conceito foi criado por Freud, se é um conceito psicanalítco geral ou se era um conceito era algo já existente. E nisso ele continua folheando o tal livro de capa amarela envolvida com um plástico e letras marrons chamado “Fundamentos de Psicanálise”. É um livro já usado, rabiscado e o Joel aponta exemplos de como se dá tal classificação de acordo com as palavras encontradas no texto, tais como morte, inconsciente, foraclusão entre outras. Aquilo me deixa muito apreensivo.

Thursday, February 09, 2006

Companheiro é companheiro...


Estou com um amigo de colégio e tomamos um ônibus em Botafogo. Entramos pela porta de trás. O trocador, um nordestino de sotaque forte me entrega a mais três moedas de R$0,25 no troco em cima de uma folha de papel branco junto com o resto do troco. Entrego pra ele o dinheiro a mais.

Estamos vestidos com a camisa do mesmo tipo das do tempo de colégio, mas não era exatamente um uniforme. E por baixo estamos com camisetas convencionais, tal como fazia nos tempos de colégio. O trocador se oferece para pendurar as camisas brancas por trás da cadeira do ônibus como se fossem paletós, mas depois eu o vejo embrulhando uma manta marrom e colocando em uma caixa plástica. Como aquelas de roupa suja.

Falo com ele qualquer coisa criticando o comportamento de carioca, dizendo que somos mais desconfiados e bestas que os nordestinos e o trocador ri.

De repente começa a tocar “Companheiro é companheiro, fédaputa é fédaputa” da Banda Genéricos mas o trocador é impedido de escutar o rádio. Nesse momento o Luis Antônio está do meu lado e amigo de colégio no banco da frente. Começamos, eu o trocador e o amigo a cantar o refrão da música, como sinal de protesto e diversão ao mesmo tempo enquanto o Luis olha pra mim sem entender nada.

E o ônibus sai da Voluntários da Pátria em direção a Praia de Botafogo.

Fim de tarde


Está quase anoitecendo e os passarinhos estão indo para seus ninhos nas árvores dos oitizeiros na frente do prédio. Eu os observo mas estranho um certo pássaro voando no céu. De repente percebo que não é um pássaro e sim um morcego. Quem me informa é meu pai. Eu acho estranho ele voar no céu que está azulado e que ainda não escureceu. Mesmo assim eu contemplo o bicho voando por cima do corredor de serviço do prédio.

Monday, January 23, 2006

A Invasão


O banheiro de uma casa mal acabada. Parece um barraco, mas é de alvenaria. Do lado de fora seu Nascimento fala qualquer coisa comigo. Termino o banho e me enxugo. Há um clima de medo na casa:

- Cuidado, começou o tiroteio e ninguém sai de casa.

Olho para o Luis e digo:

- Pois é isso aqui virou Rio de Janeiro de vez. O tráfico tomou conta de vez disso aqui.

Do lado de fora da casa há uma grande varanda de piso marrom e nela há uma nordestina de cerca de 30 anos, magra, cabelo pintado de loiro e um sotaque “arretado”. Ela bradava, dizendo que iria ficar do lado de fora sim e que era desaforo ela não ter segurança, pois pagava os seus impostos. Num dado momento todos voltam para casa e se abaixa com medo de possíveis balas perdidas. Me junto a nordestina do lado de fora e concordo com o que ela diz, ao mesmo tempo que tenho muito medo. De longe vejo a favela, talvez o Jardim Jaqueline, iluminado pelas casas na escuridão da noite de onde se pode escutar os tiros.

- E as autoridades, não fazem nada? – continuava a loira.

De repente aparecem no céu três helicópteros do DENARC com guardas munidos que atiram em direção àquela área da favela que mais parece uma pequena cidade envolvida em uma cúpula. Em instantes eles resolvem a situação e o tiroteiro passa.

Quando penso que as coisas estão tranqüilas vejo uma nave pousar mais próxima à casa, sobre uma rua e nela se forma uma cúpula e o cenário ganha ares futuristas com extra-terrestres descendo sobre ela. Vários guardas “ets” armados formam uma fila por entre ruas iluminadas em néon e eu vou até eles.

Em seguida eles me reconhecem e começam a me saudar. Um deles dizem que eu sou o ser mágico que eles estavam esperando há tempos. Isso me dá um misto de satisfação e medo, enquanto ando em direção ao fim da rua onde há o chefe deles. Eles me dizem que me reconhecem por conta do meu calázio e por isso sou o tal ser sagrado. E quando encontro o chefe deles no fim da rua sentado em um trono eu pergunto:

- Mas por que és tão ruim?
- Na realidade eu sou uma parte de você. Somos os mesmos, você ainda não se deu conta?

E me aproximo dele e nos fundimos em um só

Sunday, January 22, 2006

A Vila depois da chuva


Uma vila de casas, barracos. Cinzas com portas de madeira caindo aos pedaços. Da janela observo a paisagem enquanto conversam comigo Marcus, José, Rodrigo e Lúcio. O sol está brilhando e faz muito calor e um deles tem a idéia de ir à praia.

O céu fica amarelo e começa a ventar mas um deles ainda está empolgado.

- Hoje não vai dá praia, vai chover! – Digo eu
- Vai sim o tempo ta bom, vamos. – Me diz um deles.

O tempo vira e cai uma forte chuva. A rua em frente fica completamente alagada, a ponto de eu pensar que o Lúcio para ir para o outro lado da rua precisaria de um barco. Até vejo isso, pessoas indo em braços. Mas como ainda consigo ver as pedras que pavimentam a rua e concluo que o nível da água é baixo.

- Ta vendo, você e sua boca.
- Nada, daqui a pouco a chuva passa. É chuva de verão.

O sol volta e aponto para o céu onde as nuvens escuras já estão indo embora. Há um clima de indecisão na casa sobre ir ou não ir à praia quando eu decido ir com o Lúcio.

Passo pelo quintal e o portão aberto que dá acesso à vila. Vejo a rua com o pavimento de pedras. Um monte verde, ajardinado e acima dele uma estrada onde passam ônibus comuns e de viagem. Entre eles passa um ônibus da 1001 e me dá a curiosidade se eles estão molhados, com o pára-brisa funcionando ou não. Alguns ainda estão molhados, mas o tempo está seco.

Do outro lado da rua uma família pobre sobre o monte de gramíneas em direção à estrada. Uma mulher carrega um monte de colchões sobre a cabeça, acompanhado do marido e das crianças, enquanto passa outra mulher mais velha está ainda com o guarda-chuva aberto. Eu penso para ela fechar o guarda chuva e ela assim o faz quando percebe que a chuva parou.

Enquanto isso na estrada passa um ônibus de turismo da 1001. Quero ver se a parte da frente está molhada mas só dá para ver a parte de trás, que, curiosamente é a parte da frente, com os vidros com gotas de chuva secando.

Passa um ônibus amarelo comum na rua de pedras e o Lucio diz que espera outro ônibus. Passa o outro ônibus com o letreiro e o nome do bairro. Eu decoro o nome para saber como pegá-lo sozinho quando estiver na rodoviária e ir para a casa da vila. Lúcio, vestido com camisa branca e gravata vermelha, entra no ônibus e diz que vai para o trabalho. Eu penso que ele decide fazer isso porque ninguém se decidiu sobre a praia.

Volto para a casa e o portão da vila está aberto. Na despedida ainda pergunto ao Lucio se o portão é para ficar aberto e ele diz que é pra deixá-lo fechado. Para isso preciso ir até uma velha senhora que se encontra por trás de um balcão ali naquele quintal na frente da vila. Ela vai calmamente e eu fico preocupado, pois entram dois tipos esquisitos na vila. Depois vejo que um deles é morador dali e o outro é o César Maluco, que fala qualquer coisa com a velha. Ela fecha a porta mas não fecha com o cadeado que fica na porta aparentemente trancando a casa.

Volto para o barraco de onde saí e lá há crianças brigando e fazendo bagunça com colchões. Eu chego e elas param. Dou um esporro, algo como “só porque estou aqui vocês pararam com a bagunça”. Elas arrumam os vários colchões, um deles velho e gasto, no chão e se preparam para dormir.

Wednesday, January 18, 2006

Antes de viajar


Entardecer na Estação das Barcas. A memória volta em forma de flashback e me lembra de um passeio que fiz, ao mesmo tempo, pro Corcovado e para o Pão-de-Açúcar. Pegamos uma catamarã até o corcovado, eu e Luis. E nas barcas estava ele ali ao meu lado para repetir o passeio, embora a falta de grana só desse para ir ao Pão-de-Açúcar.

Ainda na estação alguém pergunta para onde estamos indo e eu respondo que é para Londres. Uma viagem de lua de mel, parece. No cume do Pão-de-Açúcar a gente pegaria uma condução para lá. Me esqueci de quem fez essa pergunta mas era alguém que também iria viajar e achou chique a nossa escolha.

Luis ainda me diz que aquela hora era boa para aproveitar o pôr do sol.

Andamos em direção ao cume do morro, e no caminho eu vejo as catamarãs indo em direção ao Corcovado e o céu já escurecido. A rampa de acesso ao morro tem o mesmo piso do corredor que leva até as barcas, só que ele é mais íngreme. Num dado momento o Luis se põe a andar na minha frente e eu peço para ele me esperar lá em cima.

No meio do caminho encontro uma mulher, morena de cabelos encaracolados e de blusa branca com babados e calça comprida jeans. Ela me chama para seguir por uma série de estacas que flutuam sobre o mar. Os seguranças tentam impedi-la mas alguém dá ordens para que não parem ela pois ela está no momento de inspiração poética.

É justo nesse momento que estou vendo, em pé nas estacas, ela debruçada sobre o parapeito junto ao corredor escrevendo um texto, dizendo-se inspirada, e ela descreve algo belo sobre aquela noite, olhando para o Corcovado.

Depois eu retomo o caminho enquanto o Luis já disparou lá em cima. Encontro algumas figuras conhecidas e uma delas me elogia bastante e me abraça, supostamente em sinal de amizade, mas sinto que ele me toca. Ele me dá um beijo no rosto e não me dá chance de falar que sou comprometido. Depois disso ele roça a bunda no meu pau e me mostra ela, baixando a calça. E dou uma risada e sigo o meu caminho em direção ao cume, cheio de satisfação pelo gesto do cara.

Monday, January 16, 2006

Corredores, ruas e cidades


Eu estava na casa do meu avô, em um corredor igual ao da casa do meu tio Paulo no Paraná. Há 3 cômodos: o primeiro é uma cozinha onde minha tia Zilda prepara algo (ela está em pé em frente ao fogão mexendo algo com a colher de pau), o segundo é um depósito para guardar coisas velhas e amontoadas e o terceiro é um quarto limpo, bonito. A minha bolsa com minhas roupas estão nesse quarto. Meu tio Geraldo se aproxima da casa junto com seu filho Ricardo e a faxineira começa a limpar a casa, inclusive o tal depósito. A impressão que eu tenho é que meu tio bebeu cerveja e está um tanto bêbado, mas mantém-se firme. Vou para o quarto pegar as coisa para tomar um banho, mas o banheiro (que era fora do corredor) está prestes a ser ocupado pelo meu tio que está no tal quarto com meu primo. E minhas coisas não estão mais nesse quarto, estão no depósito.

Ao chegar no depósito encontro minhas coisas e uma toalha azul em cima da minha bolsa. O depósito está limpo transformado em quarto. Ação da faxineira. De repente percebo que há um cano na parede que serve como chuveiro. Tomo meu banho ali mesmo, me seco e saio de cueca pela casa.

(...)

Já estou vestido e ouço comentários sobre Brasília. Meu pai comenta algo enquanto minha mãe fala de como chegou no Cristo Redentor subindo uma rua no Jardim Botânico. Vejo imagens de Brasília: dois prédios finos como o do Congresso, sendo que um é bem maior que o outro. Na entrada deles há um portão com o número quatro e vejo ao fundo a torre de tv. Meu pai comenta algo sobre ela.

Luis Antônio aparece e eu falo mal de Irreversível para ele. Ele some e vou para a rua.

Andando pela rua entro em uma lanchonete. Estou em São Paulo e um rapaz com o sotaque me pergunta como vou querer o cachorro quente. Pergunta pelo tipo de pão e se o molho é de um jeito que desconheço ou piri-piri. Escolho pelo piri-piri pois desconheço o outro, mesmo sabendo que piri-piri é um tipo de molho apimentado que os portugueses usam nas sardinhas. Ele prepara, coloca a lingüiça partida no meio (uma parte para cada metade do pão) e coloca ali o que falta. Eu estranho a falta de purê de batata, já que em São Paulo eles colocam purê no cachorro-quente, mas o rapaz fala que ali não há.

Meu pai aparece e diz que é para eu comer um só sanduíche. E elogia um sundae feito pela minha irmã antes de eu chegar lá. Ele avisa que eu perdi o sundae porque cheguei tarde, e eu vejo uma imagem de sorvete sobre um copo, como na propaganda do Mc Donald's. Parece que o sorvete ficou bom porque foi servido com um molho apimentado.

Saio da lanchonete e continuo caminhando pela rua. Estou na Visconde de Pirajá e tenho que ir até a Anibal de Mendonça. Estranho em princípio o fato de estar a poucos quarteirões da Anibal, pois quando era criança desci no começo da Prudente de Morais e andei muito para chegar lá. Comento isso com meu pai e eu digo que quando a gente e criança ás distâncias parecem maiores do que elas são.

Minha mãe andando na frente com o meu pai e eles entram na Sebastião de Lacerda em direção ao Corcovado. Eu olho a rua, que mais parece a Rua Faro no Jardim Botânico só que invertida e no alto vejo a estátua do Cristo sobre o Corcovado e , na rua pequenos prédios brancos.

Continuo a minha caminhada pela rua e na saída do metrô há alguns camelôs vendendo coisas, mas escondendo sob a camisa quando aparece a Guarda Municipal. Mas alguns guardas me parecem coniventes com o camelôs.

Ao passar por um deles que está na frente de um tapume de madeira, ele me dá um sinal como se me avisasse quando um doido apareceria. Eu confirmo e continuo a caminhada e olho para trás. Vejo que o louco se aproxima para dar um susto nele por trás do tapume mas não tenho tempo de avisá-lo. Mas nada acontece. Continuo a caminhada tentando disfarçar o olhar das velhas que passam na rua, com medo de estar sendo cúmplice do camelô e de algo errado, embora as velhas sequer me reparam.

Chego na parte alta da rua e encontro o Guto. É aniversário dele e vou lá dar um abraço nele. Ele fica feliz pois não esperava me encontrar ali. Ele me abraça quando aparece um amigo dele e ficamos os três abraçados. Aparece também o irmão gêmeo do Guto, aliás já o tinha visto antes, mas conseguira distinguí-los. O Laerte pede para tirar uma foto de nós quatro quando vejo um antigo colega de colégio. Guto me diz que ele falara que me conhecia. Eu cumprimento mas suspendo o corpo dele, rodo e atiro longe, pois o Guto me dissera antes que ele fizera piada sobre a minha preferência sexual.

Saturday, January 07, 2006

Caixa de cerragem

A elaboração secundária tirou partes desse sonho. Estou em um apartamento. Aparentemente no Brasil e recebo uma correspondência do Pompeyo. É uma caixa com uma imagem não definida feita de cerragem por dentro. Depois resolvo pôr uma foto nossa lá dentro para a caixa servir de moldura. Parte da caixa racha e começa a espalhar cerragem pelo carpete e só depois me dou conta de que aquela cerragem vinha da caixa. Depois eu procuro pelo pedaço que faz o buraco na caixa, encontro mas tenho dificuldade e Pompeyo me ajuda. Nisso eu sinto que estou nos EUA e, ligo para minha mãe. Digo-lhe que quero voltar pra casa mas ela me disse que já que tirei o passaporte, peguei o visto, fiz todo esse esforço que eu era pra continuar. Falo isso com o Dick que concorda plenamente com a minha mãe. Fim!