Wednesday, October 20, 2010

Gincana


Era hora de chegar junto com a Márcia, ainda que não fosse exatamente ela. Tinha algo de diferente nela, ou seja, não era feia. O mesmo acontecia com o da mãe dela, ao abrir a porta.

Cometo um erro que parece costumeiro. Esqueço-me de que na porta principal do predinho tijucano de poucos andares é do consultório de uma psicóloga que abre a porta e me avisa do erro: eu deveria bater na porta lateral, onde há uma plastificada e jovial mãe de Márcia. Ela está envergonhada em abrir a sua casa para visitas, senão ela receberia muito bem as visitas, diferente de outras vezes. Foi isso que me fez ter medo de sua reação em outras vezes.

A psicóloga lá da outra porta, que dava para um pequeno quintal me pergunta "você é profissional de saúde?". Digo-lhe que todos nós independentemente da área que trabalhamos, ela clínica, eu social, lidamos com saúde". Ela retruca pelo fato de não trabalharmos em hospital e eu a menosprezo dizendo-lhe que ela não sabe o real significado da profissão.

Ela decide dar-nos uma missão como uma gincana. Há uma instituição de caridade, um orfanato para o qual doaremos uma garrafa de vinho. Márcia me entrega uma garrafa de vinho de boa qualidade em uma embalagem vagabunda de plástico, como aqueles de 5 L.

Desço a rua com o vinho na mãe com outras pessoas (Márcia já está fora) e passamos pela rua principal em Cabo Frio. Sem ter noção de onde iríamos seguimos pela direita. A Maíra, que está com o grupo, aponta o caminho supostamente certo pela esquera. Seguimos, ela um pouco mais a frente.

Há um posto de gasolina para onde ela carrega o vinho e, atrás dele, há uma casa de madeira que julgo ser o orfanato.

O grupo fico mais atrás e vou para perto dela para confirmar a minha suspeita sobre a casa. Descubro que ali é de fato o orfanato, mas ela racha a garrafa de vinho e coloca outra no lugar para chegar no orfanato e dizer a todos que quem providenciou o vinho foi ela.

Nos juntamos ao grupo que está parado em uma esquina. Na parte de trás há um daqueles prédios recuados e com pilotis como os de Curitiba. Eu aproveito e digo a todos o que Maíra fez e desmoralizo-a na frente de todos, xigando-a muito, apontando-lhe o dedo. Digo que não posso chamá-la de piranha, pois as piranhas possuem mais dignidade do que ela.

Desço a rua pela direita onde no fim tem uma praia. Subo a rua e encontro adolescentes namorando encostados nas árvores, sendo que um casal está sob um tronco de uma delas. Digo a este casal que logo vou embora - os adolescentes estão sob minha tutela - e que ele deve passar a informação aos demais.

Saturday, October 16, 2010

Sobre o Moinho, a ponte e a música


Tenho poderes de voar sobre a Ponte Rio Niterói, ainda que sem asas. Ao lado dela só há prédios entre eles o do Moinho Fluminense com letras pintadas em vermelho indicando o seu nome. Tem uma voz que me desafia a voar até lá, bem no alto. Venta bastante por lá e passar por aquelas estruturas, a cadeia de prédios enormes e a ponte, voar entre eles, é um grande desafio.

Na letra "O" do Moinho descubro uma espécie de escotilha em que há pessoas lá dentro observando a paisagem. Algo que parece ora com fundo de livraria, ora um planetário, ora uma construção que vi em um prédio no centro de Chicago em que há uma sala de uma estrutura para manter o equilíbrio de um arranha-céu. Um homem e um menino observam a paisagem, com o mais velho ensinando algo que eu desconheço.

Ao voar desafio a voz, os deuses, ou Deus, sejá lá o que for nesse sentido. Penso: se um avião colidir contra esse prédio, como seria impacto. Em seguida como em um trailer de possibilidades o acidente acontece e estou dentro de um ônibus que passa na ponte. Ali no ônibus penso em outras possibilidades: ou ele acelera, ou ele para ou ainda é capaz de voltar para trás. Os pneus voam pegando fogo como no clipe do Gorillaz. Depois penso em outra possibilidade: um dos pilares da ponte se racha. Isso ocorre de fato e o ônibus volta para trás.

Ainda na ponte, na volta, estou sobre o asfalto e encontro alguns amigos do colégio. Vejo o ônibus 741-D com a parte da frente estilhaçada e com as rodas de trás para cima. Pergunto ao Cleiton ou ao Jefre as horas e um deles me responde que são 18:21. Digo-lhes que tive um livramento, enquanto levanto as mãos para o céu e agradeço a Deus, repetindo sem parar sobre a graça alcançada, já que os olhares de todos no grupo são incrédulos. Cleiton me diz que é terça feira, dia de pegar o ônibus e que era incomum eu estar ali. Digo que é meu dia de estar ali sime aviso a alguém do meu lado que ele poderia estar ali, naquele ônibus, junto comigo.

De repente não estão mais aquelas pessoas comigos, mas alguém parecido com o J que insiste para que cantemos. Começamos a cantar "um homem pra chamar de seu". No começo sai tudo errado e desafinamos ao p-onto de pensar que ele quer cantar solo. No entanto, afino a voz e cantamos juntos. Parece que alguém tem uma câmera digital e quer jogar no youtube o dueto. Acho graça e continuamos a cantar, como na versão da Marina. Rimos muito e quando alguém diz que a filmagem é para valer, ele canta a primeira estrofe e eu a segunda. Lembro que em determinado momento canto "procuro a espada do seu salvador" e de bricadeira aperto-lhe por cima do short, enquanto achamos graça daquilo. No fim das contas ao imaginar que aquela cantoria vai parar na internet percebo que aquilo terá muito sucesso e ao mesmo tempo será muito ridicúlo.

Sunday, July 18, 2010

Caramelo

Estou na fila das Lojas Americanas. Vejo que tenho uma nota de 10 reais depois de ter passado 5 para a Fabi. Compro um pacote com balas de caramelo da Nestlé. Julgo o preço ser caro, acima de dois reais, mas tenho comigo uma nota de 10 que poderá cobrir o preço. Várias caixas, todas mulheres de óculos, rápidas em seu serviço, porém tenho tempo de tirar minha nota quando e minha vez.

Para minha surpresa descubro que tenho uma nota de 5 reais e com ela pago o caramelo, mesmo sem saber o preço. A caixa passa o preço pelo leitor e fica assustada com o preço, mas não me diz o valor. Vale notar que na loja todos os dados antes da minha vez eram digitados e cada tecla digitada fazia um barulho e as compras eram registradas em telas médias para que o supervisor da loja pudesse ver algo caso fosse chamado numa emergência. No entanto, penso que aquilo tira a privacidade das pessoas, pois mesmo sem ver o preço, as outras pessoas na fila sabem item por item o que o cliente está comprando.

Ao pagar a caixa chama as outras mulheres para saber porque o valor do caramelo é mais caro e me pergunta se é daqueles que desmancham facilmente na boca e digo-lhe que não e que o sabor dele é superior. É uma bala de pouca fabricação atual e por isso ela é mais cara. Ela abre o pacote, pega uma bala e distribui outras duas ou três para suas colegas de trabalho, como se fosse perfeitamente natural. Eu fico com raiva e com medo de parecer mal educado.

(obs: nesta mesma noite tive um outro sonho no qual conversava com a Fabi e dizia-lhe da minha necessidade inconsciente de agradar meus pais, mesmo sabendo que não há exigência deles em relação a isso e como transfiro esse comportamento em outras áreas da minha vida e nele meus pais dizem que essa minha necessidade não tem motivo)

Daí eu digo-lhes: vocês vão ressarcir ou diminuir o preço das balas, pelo fato de vocês estarem pegando-as? Elas ficam sem graça e me dão o troco e vejo várias moedas de 1 real e 25 centavos na mesa branca de uma delas, mas que ficava mais atrás.

Ao sair estou na rodoviária e vejo um ônibus todo fumê prestes a sair. Vou correndo para confirmar a parte da frente e vejo que é o Bacaxá. Eu bato na porta fechada para entrar e o motorista me ignora e arranca com o ônibus e eu grudo na porta. Antes de fazer a primeira curva no terminal ele pede que eu saia da porta para abrí-la e eu entrar. Eu faço isso e entro.

Ao mesmo tempo outro eu sai correndo atrás deste mesmo ônibus, ele vinha mais atrás e o perde.

Thursday, June 03, 2010


Estou passando pelo Largo do Machado à noite. Olho para um grupo com muitos rapazes jovens, fazendo arruaça. Na minha cabeça, uma série de considerações filosóficas, antropológicas sobre a cena, sobre o Brasil quando mais a frente, ali mesmo na praça, tem um carro da PM parado. A molecada começa a zoar.


Um policial solta na minha frente, me barrando. Digo-lhe que não devo nada e que não faço parte do grupo, mas mesmo assim ele quer averiguar. Ele deve ter uns 30 anos, moreno claro, cabelos pretos, estatura mediana. Bonito. Vejo que ele se garante pelo fato de carregar um fuzil na mão e começamos a discutir. Ele reclama pelo fato de não querer mostrar-lhe a identidade, e digo-lhe que foi orientação do meu advogado.

Na discussão falo de que a exigência é algo de um lei autoritária, que não existe mais, desde que a Constituição foi aprovada. Ele toma aquilo como pessoal e eu lhe digo que o que ele faz faz parte do serviço dele e que ele está servindo a um sistema que o obriga a fazer as coisas daquele jeito. Ele continua me pertubando e dali a molecada se revela ser um grupo de traficantes armados e ordeno que eles fuzilem o policial sem piedade. Eles cumprem a minha ordem.