Thursday, October 20, 2016

O Caixa



Estou na fila do Caixa Eletrônico. Há dois caixas, um do Banco 24 horas e outro exclusivo do Itaú, mas as senhoras na minha frente querem usar apenas o terminal do 24hs. Penso em usar o do Itaú ao lado, mas o espaço é muito apertado e por isso não posso usá-lo.

Quando as senhoras terminam de usar o caixa, uma moça usando uma muleta vem ao meu lado e cedo a vez para ela. Vejo um sorriso dela.

Então chega a minha vez, mas não há mais um terminal, mas um caixa comum de banco. O atendente pergunta o que eu vou fazer e digo-lhe que é um depósito e entrego o envelope e uma nota de 50 reais além do meu cartão. Ele diz que tem dúvidas se conseguirei fazer o depósito ali, por conta do valor e eu falo para ele que já fiz diversos depósitos com aquela quantia naquela mesma agência e ele não se dá por contente e começa a ironizar, mas percebe que o depósito é possível. Daí ele começa a zoar pelo fato do valor do depósito ser baixo e aí começo a discutir com ele e digo:

- 50 reais é um valor baixo sim, mas aos poucos a gente economiza e vai conseguindo o que quer. Quando foi a última vez que você viajou?

- Não sei, tem muito tempo.

- Então, meu namorado faz sempre isso. E sabe quantas vezes ele viajou para o exterior esse ano? Duas. E você aí me zoando, mas tá nesse caixa o tempo todo, sem poder viajar.

O caixa hesita antes de tentar falar algo e continuo.

- Mas isso de viagem não interessa a você. Abrir a cabeça, conhecer novos mundos, isso não faz parte da cabeça de bancário mesmo.

De repente estou na janela de casa e conversando com minha mãe sobre o acontecido. Daí ela me diz: "reparou que você falou do seu namorado pro cara do caixa e ele deve ter ficado mais sem graça ainda e que pela primeira vez você se referiu ao A. como o seu namorado pra mim?" E daí fico mais tranquilo e percebo a utilidade daquela discussão.

Sunday, May 15, 2016

Escola

Estou estudando em um colégio estadual. Uniforme azul e branco, mas é o mesmo eu atual, só que "disfarçado" ali. E sendo assim não sei qual é a minha turma. Preciso perguntar ao inspetor, mas como fazer isso sem despertar suspeitas?

Digo-lhe que a professora pediu para ver uma anotação em uma das fichas e tinha que ser aquela em que tivesse o meu nome. Ele em princípio questiona, mas quando ressalto que foi ordem da professora ele me mostra e consigo descobrir o número da minha turma.

Entro em sala de aula. Creio que estou atrasado. Junto com a professora tem uma outra mulher dando uma palestra ou algo assim. Ela quer um voluntário para responder a uma pergunta que ela vai fazer. A professora, querendo se vingar de mim e ainda mais percebendo que eu estava atrasado, cita meu nome e a palestrante lança a pergunta:

- Do que você gosta?

Eu dou uma resposta prolixa, elaborada. Usando termos que não seriam comuns para um adolescente do ensino médio. Palavras sofisticadas. As duas me olham com ódio e a palestrante resolve me interromper, desprezando a minha resposta e passa a pergunta para outro aluno.

Eu indignado começo a gritar com ela, esculhambando, com muita raiva. Meu vocabulário sofisticado vai desaparecendo e começo a usar termos mais populares, gírias, porém com uma assertividade maior. E defendo os interesses dos demais alunos, usando um tom político. E no meio dessa verborragia, o sonho acaba.