Thursday, February 03, 2011

A Lenda do Camarão

Estou com o Vali no shopping e passamos pela Vivenda do Camarão para comermos algo. Ele chama o lugar de "a lenda do camarão" pelo fato dos salgados não terem muito camarão no recheio, só traços. Eu digo-lhe que apesar de não gostar de camarão, acho aquilo um desaforo.

A balconista destrata o Vali e todos que reclamam disso. Ao fazer meu pedido ja a aviso de que exijo respeito no tratamento. Na medida que ela vai resmungando ao colocar o meu refrigerante eu corto-a dizendo que sou cliente e devo ser bem tratado. Ao colocar meu empadao na bandeja junto com o refrigerante ela tenta reclamar de mais alguma coisa só que eu, após olhar minha imagem refletida em algum ponto do balcão, começo a explicar à balconista de como ela deve atender as pessoas.

Eu faço perguntas a ela, na maioria retóricas: quem paga o seu salário? o dono da loja. Para o dono ter o dinheiro? precisa dos clientes. Por isso vc precisa trata-los bem. Mas estou de mau humor e não sou obrigada. Entao ta. Você tem filhos? Sim tenho um filho. E ele depende de vc? Tem meu marido que ganha o salário dele...Mas seu filho também depende de você. Sim é verdade.

A partir desse momento a tensão do papo diminui e vira uma conversa, um aconselhamento. Eu digo a ela que se ela trata bem as pessoas ela mantém o emprego dela, aumenta a clientela e as gorjetas. E ela passa a concordar comigo quando digo que uma outra vendedora simpática pode passar-lhe a perna e ganhar mais que ela.

A Liza Minelli chega e digo para a balconista me referindo a Liza: a Isabel vai cuidar de você agora. Liza cuida dela porque vc é mulher e tem mais sensibilidade, ou melhor, não é que mulheres são mais sensíveis, mas tem coisas que só uma conversa entre mulheres ajuda. Ja fiz a minha parte no aconselhamento terapêutico. Liza ri e eu após passar pro lado de fora do balcão como quem passa pela corda na dança da cordinha vou embora e me encontro com meus velhos amigos de Pedro II.