Thursday, December 22, 2005

Homo Phobos





Caminho por uma pequena cidade com o Fábio. Ele me mostra os detalhes dela, fala sobre as árvores e aponta para os locais mais interessantes para comer e beber. Aponta para um botequim no fundo e disse que ali já foi melhor nos tempos que era um mini-mercado e que depois mudou de dono. E disse também que ali já foi uma favela, antes de existir as lojas. E falo com ele que poderia ser assim do outro lado, da favela de onde saímos e começamos a caminhada.

É noite e vamos andando por uma rua de casas antigas, com as portas de beira de calçada. É a rua do tal bar. Próximo a ele há a casa de um amigo estrangeiro do Fábio. Ele me diz:

- Acho que o Peter não está, mas queria apresentar você a ele.

A casa tem cortinas que balançam o tempo todo dando a impressão de que há alguém nela. Eu fico no canto da porta para que o Fábio apareça no olho mágico. Perto de nós há 4 caras jogando cartas sentados em cadeiras de plástico em torno de uma mesa de mesmo material. São do botequim que o Fábio me mostrara antes. Peter aparece e Fábio me apresenta a ele.

Eu percebo que os caras do bar cochicham algo e eu presto a atenção. Um deles dá uma risada mais alta olhando e apontando pro Fábio e decido tirar satisfação: “ta rindo de que o palhaço”. O cara responde: “é porque ele é viado”. Eu e Fábio vamos na direção dos caras e digo pra ele: já que somos dois aqui, podemos dar conta de pelo menos dois deles. E embora os caras sejam fortes consigo jogar dois no chão e mantenho-os deitado forçando meu pé em cima deles, enquanto converso com o outro.

Começo a dar lição de moral no cara que ficou de pé (o quarto cara sumiu) embora eu fale pro Fabio que o fato de eu estar batendo neles só vai aumentar o ódio e decidimos parar de dar a surra neles. Explico pro cara de pé algo como a loucura de querer bater em gays já que grandes gênios da humanidade eram gays e o cara me escuta. E estamos de frente para uma janela falando sobre isso enquanto aponto as coisas da cidade para ele.

Quando eu volto para olhar para ele vejo que ele é a cara do Freddie Mercury com bigode e tudo. E no fundo começa a tocar “Another one will bite the dust”. Continuo com o esporro e digo a ele que querer bater em alguém por ser gay seria tão louco quanto ele querer me bater por eu ser negro (puxo a pele do meu braço para mostrar e exemplificar). E que ninguém ali era obrigado a aceitar mas o que era obrigatório era o respeito. O Freddie concora comigo enquanto a música muda para “Respect” na voz de Aretha Franklin.



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