Monday, April 09, 2007

Fachada


Espero o ônibus no ponto aqui de casa. Há 2 ou três idosas comigo no ponto. Quero ir para Copacabana, mas em princípio espero pelo ônibus que vai pela orla porque é mais rápido. Um ônibus passa por fora e o 572 - que não vai pela orla - pára porque as senhoras fizeram sinal, embora ele pare um pouco mais na frente. Elas vão para o ônibus, que está um pouco cheio mas com lugar para sentar e decido ir com elas. O motorista abre a porta de trás para elas entrarem mas elas decidem entrar pela frente, passar pela roleta usando o RioCard. Faço o mesmo. Olho para o ônibus e percebo que há um lugar vazio com a alça de trás pintada em vermelho - que é assento especial para idosos, gestantes e deficientes- e tem outros lugares vazios na parte de trás do ônibus. Retiro o meu RioCard do bolso que está em forma de bexiga de aniversário e decido colocar no bolso e não na carteira enquanto sento. Ao meu lado vejo a Suzy ajeitando a "bexiga RioCard" dela enquanto vejo um video explicativo sobre como conservar aquele cartão. Fala que devemos sempre puxar a ponta superior da bexiga para evitar que a mesma resseque, e vejo a Suzy fazendo isso. Fala que devemos conservar o cartão na carteira para evitar ressecamento e decido fazer isso, enquanto na rua vejo um homem que aparentemente cortou a sua bexiga sem danificar o chip interno que permite a leitura do cartão.

Enquanto o ônibus passa vejo uma fila enorme e pessoas revoltadas próximo ao Edifício Seabra na Praia do Flamengo. Dois prédios antes do Seabra para ser exato. Ali funciona uma repartição - será que é para retirar o RioCard? - que se encontra fechada. Ao que parece as obras no edifício Seabra- que apresenta uma janela no último andar estilhaçada- acabaram forçando ao abandono do outro prédio onde funciona a tal repartição.

Do ônibus eu fito a paisagem da orla de prédios e me lembro do Alex falando de como o "skyline" do Rio é cinza embora sejamos uma cidade tropical. Olho para a parte de trás do ônibus e vejo o Centro da cidade com a vista panorâmica cinza. E comento com alguém que aquilo era para imitar americanos sem respeitar a nossa identidade. Mais à frente no edifício branco perto da farmácia há pedreiros retirando o reboco branco do prédio e mostrando o colorido original (vermelho). Alguém dá entrevista para uma emissora de TV, algo como o RJTV e fala da iniciativa da prefeitura em recuperar a estrutura original dos prédios. Ele comenta que não pode fazer de todos os prédios de forma imediata, mas que essas reformas darão um novo visual para a orla da praia, aproveitando a luz solar que refletirão bem as cores, já que se trata de um país tropical e o colorido dos prédios tem mais a ver com as nossas características.

Em seguida estou em casa digitando um texto para colocar no blog criticando um hábito carioca de dizer que São Paulo é uma cidade cinzenta e que nós com todo o sol, diferente da outra capital, não aproveitamos o potencial e deixamos tudo cinza. E que mesmo em São Paulo que tem uma aparência cinza vi uma presença maior de prédios coloridos do que no Rio. Na minha cabeça vem a imagem de um prédio moderno com uma pilastra inclinada vermelha, um pouco parecido com o MASP, só que menor e em uma rua bem arborizada.

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